segunda-feira, 11 de abril de 2011

Saudade


Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo

em dicionários antigos e poeirentos

e noutros livros onde não achei o sentido

desta doce palavra de perfis ambíguos.


Dizem que azuis são as montanhas como ela,

que nela se obscurecem os amores longínquos,

e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)

a nomeia num tremor de cabelos e mãos.


Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,

seu segredo se evade, sua doçura me obceca

como uma mariposa de estranho e fino corpo

sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.


Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado

desta palavra branca que se evade como um peixe?

Não... e me treme na boca seu tremor delicado...

Saudade...


Pablo Neruda

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