quarta-feira, 16 de março de 2011

Supremo Enleio


Quanta mulher no teu passado, quanta!

Tanta sombra em redor! Mas que me importa?

Se delas veio o sonho que conforta,

A sua vinda foi três vezes santa!


Erva do chão que a mão de Deus levanta,

Folhas murchas de rojo à tua porta...

Quando eu for uma pobre coisa morta,

Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!


Mas eu sou a manhã: apago as estrelas!

Hás-de ver-me, beijar-me em todas elas,

Mesmo na boca da que for mais linda!


E quando a derradeira, enfim, vier,

Nesse corpo vibrante de mulher

Será o meu que hás-de encontrar ainda...



Florbela Espanca

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